Pensar em qualquer atividade que possamos fazer e realizá-la, ininterruptamente, durante 6 horas pode, de facto, ser aborrecido e até sofrível. Mas foi isso que a banda norte-americana The National fez no Museu de Arte Moderna (MoMA) em Manhattan, a convite de Ragnar Kjartansson, performer artístico islandês.

A performance realizou-se por ocasião do aniversário das Sunday Sessions que o MoMA apresenta desde 1976, focando temas relacionados com temáticas contemporâneas e assuntos políticos através de várias lentes criativas. Através de performances de música, dança, debates, filmes, neste projeto tendem a participar artistas emergentes, estudantes, ativistas e outros agentes culturais. Ao criar esta rede de ligação com a comunidade artística, as Sunday Sessions tornaram-se num espaço de prática performativa em Nova Iorque.

 

A 5 de maio de 2013, desde o meio-dia até às seis da tarde, o MoMA apresentou A Lot of Sorrow, produzida por Ragnar Kjartansson com a colaboração dos The National que tocaram, ao vivo, uma das suas canções mais célebres, Sorrow, durante 6 horas seguidas.

I live in a city sorrow built
It’s in my honey, it’s in my milk.

Sorrow foi lançada em 2010 como single do álbum High Violet e desde cedo tornou-se um marco na música da banda norte-americana de Ohio. Música essa que conjura temáticas ligadas a desgostos amorosos, crescer num tempo conturbado e questões sociais.

O objetivo do artista islandês focou-se na tentativa de estender ao máximo possível uma canção pop de duração média de 3 minutos e meio, numa performance de esforço e repetição para o público e também para os artistas, de forma a captar uma presença escultural e espacial atráves do som, contrariando os estímulos efémeros que a música pop consegue atualmente produzir. Assim, mais que um concerto ao vivo, trata-se de uma performance artística.  Como em todas as performances de Kjartansson, a ideia por trás de A Lot of Sorrow é recheada de ironia, emoção e humor. Um género de tragicomédia.